///

‘Reacender a solidariedade em uma parcela da população’, diz Janja sobre o maior desafio do governo Lula

No domingo, 13, o Fantástico entrevistou Rosângela da Silva, a Janja. A futura primeira-dama do Brasil falou pela primeira vez para uma equipe de TV e abordou temas como feminismo, racismo, religião, início do romance com o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a participação na campanha presidencial, entre outros temas.

TRAJETÓRIA

Maju, Poliana e Janja. Foto: Reprodução.

Para Maju Coutinho e Poliana Abritta, Janja contou que ainda não caiu a ficha de que, em janeiro, será primeira-dama do país. “Eu acordo e, tipo, tem que pensar uns 30 segundos para dizer: ‘Nossa, vamos virar essa chave que agora a vida vai mudar um pouco’”, contou.

Ao ser perguntada sobre quem é Janja Lula, a socióloga se define como sonhadora, mas pé no chão. “Eu sou uma sonhadora muito pé no chão. Eu sou uma sonhadora que pensa coisas importantes para o mundo e agora eu estou tendo uma possibilidade de talvez contribuir para algumas dessas mudanças para o Brasil e para o mundo”, disse.

Janja contou sobre a filiação ao Partido dos Trabalhadores (PT), aos 17 anos, durante o movimento das Diretas Já. “No cursinho, eu conheci algumas pessoas do movimento estudantil e me filiei ao PT. Aquela efervescência política pelas Diretas Já, que já acontecia em 83, isso tudo foi mexendo com a minha cabeça”, relembrou.

JANJA E LULA

Janja e Lula após eleições. Foto: Reprodução.

Janja contou como foi o início do romance com Lula. “Final de 2017, o MST fez um jogo. E o Chico Buarque ia jogar. Todos nós sabemos, Chico Buarque. E eu falei assim: ‘Eu preciso ir nesse jogo’. Acabei indo no jogo. E eu conheci, quer dizer, já conhecia o meu marido de outros momentos. Óbvio que eu não sei se ele lembrava muito de mim. Mas enfim, a gente se sentou para almoçar, todo mundo almoçou, os convidados e tal. Depois, ele pediu o meu telefone para alguém, eu recebi ali e foi indo. A gente foi se aproximando”, contou.

RELIGIÃO

Janja comentou, ainda, sobre ter sido vítima de racismo religioso. “Ter sido atacada por conta disso não me diminui. Pelo contrário, eu acho que ser ligada a uma religião de matriz africana só me dá orgulho. Talvez isso represente um pouco do que é os brasileiros e as brasileiras, sabe? Eu sou aquela pessoa que me emociono na missa, com a fala do padre, e também me emociono com o tambor. Também me emociono com um hino de louvor a Deus. E muitas pessoas disseram pra mim: você precisa apagar aquela foto. Tem uma foto minha no Instagram com algumas imagens de orixás. Eu não vou apagar. Aquilo também me representa”, disse.

MACHISMO

A futura primeira-dama falou sobre as constantes críticas que recebeu durante a campanha presidencial. “Sinceramente, Maju, eu não me incomodei com isso, porque a opinião que importava pra mim nesse momento da campanha era do meu marido. Se era importante para ele eu estar fazendo algumas coisas e estar do lado dele. E eu trouxe para mim esse papel de cuidar mesmo dele, de preservá-lo”, disse.

Ao ser perguntada se, nas críticas, houve machismo ou ciúmes, Janja diz que sim.”Acho que um pouquinho de cada um. Houve machismo porque talvez a figura do Lula por si só bastasse. E agora tem uma mulher do lado dele, não que complemente, mas que soma com ele em algumas coisas. Isso não acontecia antes. Só olhava para ele. E hoje ele tem um complemento, uma soma, que sou eu. E não é porque eu estou do lado dele. É porque eu sou essa pessoa. Eu sou uma pessoa que é propositiva. Que não fica sentada. Que vai e faz”, falou.

A PRIMEIRA-DAMA

Sobre o papel enquanto primeira-dama, Janja afirmou que pretende ressignificar o cargo. “Eu queria ressignificar o conteúdo do que é ser uma primeira-dama. Talvez trazendo algumas coisas importantes de algumas pautas importantes para as mulheres, para as pessoas, para as famílias de modo geral. Talvez seja esse. Um papel mais de articulação com a sociedade civil”.

E seguiu, citando três compromissos com o Brasil. “Eu acho que compromisso meu, com certeza, é trazer à luz alguns temas que eu carrego na minha história. Que é a questão de violência contra mulheres, sim. Nós vamos trabalhar isso com muita força. Eu quero atuar bastante nisso. Fazer essa discussão com a sociedade. Não é com medida provisória que você resolve essa questão. Alimentação, sim, é outro compromisso importante. Que não é só a alimentação saudável, mas garantir a alimentação. E, com certeza, a questão do racismo. Que é uma coisa que a gente não consegue mais admitir na sociedade. E, talvez, eu acho que não é uma coisa, mas discutir um pouco mais com a sociedade de que forma que a gente transforma esse ódio que a gente vive hoje em relações mais afetuosas? Em relações mais saudáveis? E aí a sociedade civil, as instituições da sociedade civil têm um papel importante. Da gente poder fazer esse diálogo com as pessoas que não votaram na gente”, disse.

Janja finalizou dizendo que pensa na reconciliação de um país dividido. “Despertar um pouco de solidariedade e de compaixão numa parcela da população brasileira, que parece que deixou isso perdido em algum lugar”.

VEJA UM TRECHO:

Vídeo: Fantástico.