Nesta terça-feira, 4, o ex-ministro da justica e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) declarou apoio à reeleição do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais de 2022.
Após uma série de desentendimentos públicos entre os dois, o chefe do Executivo afirmou que ambos erraram e que evoluíram.
Moro, por sua vez, declarou apoio afirmando ser contra o projeto de governo do PT.
Os desentendimentos entre Bolsonaro e Moro começaram em 2020 mas, antes, a relação entre ambos era boa, tanto que foi o que levou o ex-juiz para a política.
O JUIZ POLÍTICO
O então juiz Sergio Moro foi uma das apostas de Jair Bolsonaro na campanha presidencial de 2018. Com grande aprovação entre os mais conservadores, Moro era visto como a imagem do combate à corrupção e ao crime organizado.
O ex-magistrado, inclusive, afirmou sete vezes que não tinha a menor intenção de entrar para a política. Um dos motivos para isso era que aceitar um cargo político poderia colocar em dúvida a integridade do trabalho realizado como juiz, como afirmou em entrevista para a Veja em 27 de novembro de 2017.
Entretanto, pouco mais de um ano depois, no dia 01 de novembro de 2018, Jair Bolsonaro, como presidente recém-eleito, anunciou que Sérgio Moro seria o seu ministro da Justiça e Segurança Pública no começo do novo governo. Na ocasião, Bolsonaro disse: “Sua agenda anticorrupção e anti crime organizado, bem como respeito à Constituição e às leis, será o nosso norte”.
A INTERFERÊNCIA NA PF E A SAÍDA DO GOVERNO
O relacionamento entre os dois foi cortado no dia 24/04/20, quando Sergio Moro convocou uma coletiva de imprensa e acusou Jair Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal.
Na ocasião, Moro afirmou que foi surpreendido pela publicação no “Diário Oficial” da demissão do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo – que era indicação do próprio Moro.
O ex-juiz afirmou, ainda, que escutou do próprio presidente que a mudança foi feita porque Bolsonaro queria ter na PF alguém que lhe desse informações sobre investigações e inquéritos em andamento no Supremo Tribunal Federal.
Moro também afirmou que chegou a questionar a demissão, dizendo que não se oporia se tivesse um motivo para tal, e recebeu a resposta de que não tinha um real motivo para a mudança. “O presidente me disse mais de uma vez, expressamente, que ele queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações, que ele pudesse colher relatórios de inteligência, seja diretor, seja superintendente. Falei para o presidente que seria uma interferência política. Ele disse que seria mesmo”, revelou Moro na época.
INDICAÇÃO AO STF
Após a saída conturbada de Sergio Moro, o presidente Jair Bolsonaro contou a sua versão dos fatos e afirmou que o ex-juiz estava tentando conseguir uma indicação para o Superior Tribunal Federal (STF) e que não tinha preocupação nenhuma com o Brasil. “Sabia que não seria fácil. Uma coisa é você admirar uma pessoa. A outra é conviver com ela, trabalhar com ela. Hoje pela manhã, por coincidência, tomando café com alguns parlamentares eu lhes disse: ‘Hoje, vocês conhecerão aquela pessoa que tem compromisso consigo próprio, com seu ego e não com o Brasil”, declarou Bolsonaro na época.
Bolsonaro também acusou Sergio Moro de tentar negociar a vaga no STF usando a demissão de Valeixo. “Mais de uma vez, o senhor Sérgio Moro disse para mim: ‘Você pode trocar o Valeixo sim, mas em novembro, depois que o senhor me indicar para o Supremo Tribunal Federal’. Me desculpe, mas, não é por aí”, declarou o chefe do Executivo.
TRAÍRA
Há poucos meses, no dia 31 de março deste ano, o presidente fez uma live para seus seguidores e chamou Moro de ‘traíra’ e ‘mentiroso’. “Também aqui, ó. Polícia Federal diz ao Supremo que não há elementos indiciários mínimos de crime na troca na PF que levou à demissão de Moro. Sergio Moro, além de traíra é mentiroso”, disse Bolsonaro.
Este ano, Sergio Moro foi eleito senador do Paraná com 1.953.159 votos (33,5% dos votos). Seu mandato vai até 2031.