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Saiba os impactos que as queimadas no lixão do Aurá podem causar na saúde e no meio ambiente

Desde a madrugada do último sábado (17), a cidade de Belém tem amanhecido com uma extensa nuvem de fumaça, com forte odor de queimado, que cobre alguns pontos da capital paraense. O problema tem ocorrido por conta de um incêndio de grandes proporções, no antigo Lixão do Aurá. 

De acordo com a Prefeitura de Belém e Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan), informou que o foco de fogo no lixão do Aurá é consequência do gás de metano, pois, com a falta de chuvas, esquenta e o fogo se alastra.

A Sesan informou também que, em conjunto com o Corpo de Bombeiros, está encaminhando carros- pipa e carros de hidrojateamento para amenizar a situação, além de providenciar uma escavadeira hidráulica para proporcionar a entrada de oxigênio e, assim, apagar o fogo no local.

A redação do BTMais conversou com um Ambientalista para entender as consequências que este incêndio no lixão do Aurá pode causar no Meio Ambiente.

Segundo o ambientalista, professor e pesquisador do Núcleo de Meio Ambiente da UFPA, André Cutrim, o incêndio no lixão é uma ação antrópica, ou seja, alguém estaria colocando fogo, como de costume em locais como esse. Ele ainda relata que é preciso saber que os incêndios são uma fonte de emissões de gases como: dióxido de carbono (CO2), gases metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), que não entram no processo de fotossíntese. Assim, quando esses gases são liberados pelos incêndios provocados por ações antrópicas, temos dois grandes problemas: 1º) uma acumulação significativa de gases poluentes na atmosfera por anos (talvez décadas), responsáveis diretos pelo efeito estufa; e, 2º) o regime de ventos fortes em nossa região que acabam por carregar partículas perigosas não só ao meio ambiente, mas também à saúde humana das comunidades locais que vivem no Aurá e ali nas proximidades.

André Cutrim, também relata que os impactos no meio ambiente podem causar “vários problemas, além do empobrecimento do solo e da perda irrecuperável das suas propriedades naturais, têm-se outros impactos socioambientais como aumento considerável da proliferação de micro e macro vetores de doenças (insetos e ratos), contaminação dos mananciais do Bolonha e Água Preta, bem como dos próprios catadores que ali vivem. Também desencadeia a deterioração das condições de saúde, aumento da insegurança alimentar e perda de qualidade de vida das comunidades locais”.

O ambientalista ainda ressalta em como essa situação pode ser controlada. Segundo ele, a desativação do lixão seria o início para melhorar a situação. “Uma medida mitigadora seria implantar um programa de educação ambiental que pudesse estimular as comunidades locais quanto à preservação ambiental, permitindo com isso uma maior integração nas suas atividades, o que pode representar, dependendo da extensão do programa, o empoderamento socioeconômico daquela comunidade. É também de extrema importância investir, cada vez mais, em programas de capacitação para os catadores do Aurá”, conta André.

CONSEQUÊNCIAS PARA A SAÚDE

O médico Arturo Gonçalves relata que esse tipo de situação pode trazer problemas de saúde não apenas para quem mora no lixão, mas também por todo o caminho que a fumaça se alastra. “Essas partículas grandes da fumaça, vão trazer reações alérgicas, causando rinite provocada pela mudança na temperatura ambiente,  e também causar bronquite pela inalação da fumaça”, detalhou.