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Saiba quem é o grileiro de terras preso pela PF em Novo Progresso/PA

Suspeito de ser um dos maiores grileiros da Amazônia, Bruno Heller foi preso em flagrante pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira em Novo Progresso (PA), durante a operação retomada. No nome dele, há o registro de pelo menos onze autuações por desmatamento ilegal pelo Ibama. As multas foram aplicadas entre 2006 e 2021. Os autos dizem que ele impediu a “completa regeneração natural de vegetação nativa” em áreas embargadas pelo órgão ambiental e destinou os locais ao pasto de gado.  


Quem é Bruno Heller?
Heller é considerado um dos maiores pecuaristas da região de Novo Progresso (PA). Em nota, a PF o classifica como “um dos maiores devastadores do bioma amazônico”. Os agentes encontraram com ele uma espingarda com registro irregular e um saco com 350 gramas de ouro em estado bruto, o que indica que o material tenha vindo de garimpos ilegais. O flagrante acabou ensejando a prisão hoje.

Além do ouro e da arma, a PF também localizou R$ 125 mil em espécie escondidos em um fundo falso do armário. A defesa do investigado ainda não foi localizada.

Segundo as investigações, nos anos 2000, ele e a sua família saíram da região Sul e  começaram a se apossar de terras da União nas margens da BR-163, que liga Santarém a Cuiabá. Os lotes das áreas públicas foram fragmentados e distribuídos a seus parentes, alguns até menores de idade. A maioria deles não residia na região nem realizava atividade agropastoril, o que é visto pelas investigadores como uma burla à legislação de regularização fundiária. Os cadastros eram feitos por meio de supostas fraudes no Cadastro Ambiental Rural (CAR).

Em um primeiro momento, o grupo investigado atuou no ramo de extração de madeira. Depois, migrou para a criação de boi da raça nelore. Conforme as apurações, o grupo investigado chegou a desmatar uma área de 2 mil hectares em apenas quatro meses em 2021, o que demandaria bastante investimento.

A mata nativa é derrubada com a utilização de duas técnicas – o corte por motosserras e as queimadas. A Justiça Federal do Pará determinou hoje o confisco de 16 fazendas e 10.000 cabeças de gado que pertenceriam ao investigado.

Quantas autuações Bruno Heller já recebeu?
Heller também é alvo de processos no Incra, que tenta retomar as terras da União. Em uma das ações, o órgão diz que ele “fracionou a área com o intuito de burlar a legislação agrária”.

“A implantação de pastagens ocorreu com base na prática de supressão da vegetação natural sem autorização da autoridade ambiental competente, dando origem a embargos sobre 5 das virtuais frações, emitidos em nome do Sr. Bruno Heller como detentor da área”, diz os autos da ação do Incra em Santarém (PA).

As investigações tiveram início após a identificação, pela PF em Santarém/PA, do desmatamento de quase 6 mil hectares na região do município de Novo Progresso/PA. O inquérito policial aponta que o grupo criminoso realizaria o cadastro fraudulento junto ao Cadastro Ambiental Rural de áreas próximas as suas em nome de terceiros, principalmente de parentes próximos. Em seguida, desmatariam tais áreas e as destinariam para criação de gado. Assim, os verdadeiros responsáveis pela exploração das atividades se sentiriam protegidos contra eventuais processos criminais ou administrativos, os quais seriam direcionados aos participantes sem patrimônio.

Até o momento, o inquérito policial identificou que o suspeito e seu grupo teriam se apossado de mais de 21 mil hectares de terras da União. Além disso, já foram constatados o desmatamento de mais de 6.500 hectares de floresta, o equivalente à quase 4 Ilhas de Fernando de Noronha, com indícios de um único autor ser o responsável pela destruição ambiental, com emprego de enorme aporte de recursos. Os danos ambientais são agravados pela ocupação de áreas circundantes a terras indígenas e unidades de conservação.

O suspeito líder do grupo já recebeu 11 autuações e 6 embargos do IBAMA por irregularidades, e perícias da PF indicam a existência de danos ambientais ocasionados por suas atividades também na Terra Indígena Baú.

*Com informações de OEstadonet