Para marcar o Dia Mundial da Água, celebrado no dia 22 de março, o Instituto Trata Brasil, em parceria com GO Associados, publicou a 14ª edição do Ranking do Saneamento. A lista, que é focada em cima dos 100 maiores municípios brasileiros, faz uma análise dos indicadores do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ano de 2020, publicado pelo Ministério do Desenvolvimento Regional.
De acordo com o Instituto, mais de 35 milhões de pessoas não têm acesso à água tratada no Brasil. Além disso, 100 milhões de brasileiros não têm acesso à coleta de esgoto, o que acaba por refletir em centenas de pessoas hospitalizadas por doenças de veiculação hídrica.
Os dados do estudo apontam ainda que o país tem dificuldade com o tratamento do esgoto, do qual somente 50% do volume gerado são tratados. Em um comparativo, o Instituto afirma que, por dia, 5,3 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento são despejadas na natureza.
O RANKING
Um dos fatos que mais chamou atenção no ranking das cidades com melhores saneamentos básicos do país foi a predominância de municípios do sudoeste do Brasil. Com os estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná ocupando as primeiras posições com as cidades de Santos, Uberlândia e São José dos Pinhais, respectivamente.
Entre as 20 melhores cidades, as únicas que não são das regiões sul e sudeste são Goiânia (GO), Campina Grande (PB), Brasília (DF), Vitória da Conquista (BA). O norte não tem nenhuma representante entre as melhores.
Já na lista das 20 piores cidades no quesito saneamento básico, os municípios do norte e nordeste do país figuram entre os primeiros colocados.
A Presidente Executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Siewert Pretto, afirmou que o estudo mostra uma estagnação de municípios do norte do país. “Essa edição de 2022 evidenciou uma estagnação dos municípios que sempre estão nas piores posições. O que nos assusta é que estas cidades, mais uma vez, são da região Norte do país, onde o acesso ao saneamento ainda é mais deficitário do que em outras regiões. Há capitais que estão trabalhando nos últimos anos para saírem dessa posição, mas não é a regra, é a exceção”, disse.
Gesner Oliveira, sócio da GO Associados, afirmou que é preocupante o número de capitais entre os piores saneamentos do país. “Em 2020, foi sancionado o Novo Marco Legal do Saneamento Básico, um importante passo no sentido de promover investimentos no setor, e, consequentemente, direcionar o país à universalização. Contudo, 2020 também foi o primeiro ano da pandemia de Covid-19 no Brasil, fato que escancarou a lentidão com que avançam os principais indicadores de saneamento básico. Portanto, é muito preocupante observar nove capitais entre os piores colocados de novo. É uma população somada de 10 milhões de habitantes exposta a condições subumanas. É preciso fazer mais do que isso.”, falou ele.
O PARÁ NA LISTA
E é entre os piores que as cidades paraenses de Belém, Santarém e Ananindeua aparecem. Mais precisamente dentro do top 10 do ranking. Santarém, no oeste do Pará, ocupa a terceira posição. Belém vem em quinto lugar, com Ananindeua vindo logo depois, em sexto.
Em Ananindeua, o serviço de coleta do município recolhe apenas 4% de todo o esgoto produzido. ““São cidades que geralmente não têm planos municipais de saneamento e não há o estabelecimento de metas, nem a fiscalização e o aporte de recurso para realizar estas metas”, disse Pretto.
Os citados
O Portal Belém Trânsito entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saneamento de Belém, para saber qual o posicionamento do órgão quanto ao estudo. Em resposta, a Sesan indicou que a Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), responsável pelo abastecimento de água e coleta de esgoto da capital paraense, é quem deveria responder pelos números do estudo.
O Portal Belém trânsito entrou em contato com a Cosanpa, que afirmou que os números ainda não refletem as ações iniciadas pela atual gestão do Governo do Estado. Confira a nota na íntegra:
“A Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) informa que os dados utilizados na pesquisa são de 1995 a 2020, portanto, ainda não refletem as ações iniciadas pela atual gestão do Governo do Estado. A partir de 2019, a Cosanpa retomou 13 projetos parados e iniciou novas obras nos municípios paraenses. Belém, Ananindeua e Santarém estão entre eles. Mais de R$ 1 bilhão estão sendo investidos pela Companhia.”.
Em nota, a prefeitura de santarem declarou: “Santarém evoluiu bastante nos últimos seis anos em relação ao esgoto tratado. Hoje, o município de Santarém, Já conta com 2 Estações de Tratamento de Esgoto, do Mapiri e a do Uruará ,com capacidade para tratar o esgoto de 75.000 pessoas. Além disso, a prefeitura continua executando as obras de esgotamento sanitário, que constam a ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto, construção da Estação Elevatória de Esgoto (EEE), construção da linha de recalque por gravidade e ligações de rede de esgoto. Com essa expansão a capacidade passará para 100.000 pessoas.”
A busca por investimentos no setor continua por meio de parcerias com os governos estaduais e federais.
O BT entrou em contato ainda com a Prefeitura de Ananindeua, mas não tivemos resposta até o momento da publicação desta matéria.