Dados levantados pelo Greenpeace Brasil na Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN), do Serviço Geológico do Brasil, apontam uma marca alarmante da seca no norte do país.
Trecho do Rio Negro, um dos mais importantes do Amazonas, registrou mais um nível negativo nesta quinta, 3, em Manaus: a maior seca do rio desde 1902, quando se iniciaram as medições, há 122 anos.
Anteriormente, o menor nível registrado no Rio Negro na capital amazonense, foi de 12,7 metros em 26 de outubro de 2023. Hoje, 3, o nível caiu mais ainda, chegando a 12,6.
Os dados ainda mostram que desde o dia 1° de outubro, o vem secando, caindo 14cm por dia, chegando a secar 25 cm na primeira semana de setembro. Em 2021, o Rio Negro chegou a atingir 30 m.
“A seca chegou mais cedo em várias regiões da Amazônia em 2024. Ela também está mais severa e mais extensa este ano. Importantes rios da região sequer tinham se recuperado da seca histórica do ano passado quando foram atingidos pelo atual estiagem. De maneira geral, quase todas as bacias da Amazônia enfrentam recorde de estiagem em algum trecho”, diz o porta-voz do Greenpeace Brasil, Rômulo Batista.
A seca histórica que atinge o estado do Amazonas já impacta a vida de 747.642 pessoas em todo o estado, segundo o boletim sobre a estiagem divulgado pela Defesa Civil na segunda-feira, dia 30 de setembro de 2024. Todos os municípios do estado estão em situação de emergência.
“Depois de sofrer com queimadas e muita fumaça, agora Manaus passa pela maior seca da sua história, com o menor nível já registrado no Rio Negro. Todos sofrem com este cenário de evento climático extremo, mas principalmente as populações ribeirinhas, quilombolas, indígenas e periurbanas de Manaus. É urgente garantir o acesso dessa população à água, alimentação, saúde, transporte, educação e acesso às zonas eleitorais no próximo final de semana, quando ocorrem as eleições municipais”, diz Batista.
Rios que atingiram a mínima histórica em toda a Amazônia, conforme dados do Greenpeace Brasil:
Rio Solimões, em Tabatinga, Boa Fé e Coari Amazonas
● Rio Madeira, na região de Porto Velho e Humaitá, Rondônia
● Rio Tapajós, na região de Itaituba, no Pará
● Rio Xingu, em Pedra do Ó, Pará
● Rio Acre, no Acre
Em setembro, o Greenpeace Brasil fez uma expedição pela região de Tefé, Amazonas, para documentar os impactos da seca severa. A equipe registrou como a falta de chuvas está transformando rios, prejudicando a pesca e afetando o modo de vida de milhares de pessoas, incluindo populações indígenas e quilombolas.
Ainda em setembro, o Greenpeace fez uma ação no leito seco do Rio Solimões em Manacapuru, Amazonas. Ativistas da organização estenderam banners gigantes com os dizeres “Who Pays” (quem paga pelos impactos da crise climática, se referindo aos grandes poluidores, como a indústria de combustível fóssil) e “cadê o rio que passava aqui?”