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Seca no Amazonas deixa ribeirinhos com dificuldades para se transportar

Populações de comunidades próximas ao Rio Negro, em Manaus, estão com problemas para se locomover e carregar seus objetos.

A questão da seca no Amazonas e o estado problemático no Rio Negro estão afetando ainda mais os ribeirinhos que vivem nos arredores do rio, visto que na Marina do Davi, terminal público principal de Manaus utilizado por moradores de comunidades como Igarapé, Tarumã Mirim, Praia da Lua e Praia do Tupé, é observado um cenário crítico na hora de tentar realizar o deslocamento dessas populações.

Neste terminal, além de ter que descer uma ladeira, os passageiros que passam pela Marina precisam enfrentar o trajeto de mais de um quilômetro, passando por lama, areia e pontes de madeira em más condições, para tentar atravessar com os pequenos barcos que ainda fazem percursos pelo rio.

Os rios com baixos níveis dificultam a passagem de transportes em comunidades próximas. Reprodução: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil.

Para a Agência Brasil, a dona de casa e moradora de Tarumã Madalena Fernandes, de 73 anos, contou sobre os diversos problemas tanto para chegar aos terminais de embarque, quanto para conseguir transportar suas coisas nos barcos. ”É muita dificuldade, com muita areia. Está difícil de chegar em casa, está horrível”. Ela ainda falou sobre outra seca que a região já enfrentou, mas que não tinha sido por tanto tempo. ”Em 2010 deu, mas não foi tanto quanto neste (período), entendeu? Foi uma seca grande, mas rápida. Essa aqui não, está sendo demorada”, completou ela.

Madalena fala sobre a dificuldades em carregar suas compras básicas, como garrafões de água, e que teve que contratar alguém só para realizar esse trabalho, já que o trajeto leva horas e o barco, com o rio secando, não chega mais na comunidade e não tem mais a ajuda do filho para realizar suas atividades. “Quando está cheio, o barco vai até perto de casa e agora acho que demora umas três horas para chegar. E ele (o filho) nem está aqui, só vamos eu e Deus”.

A dona de casa Madalena Fernandes relatou à Agência Brasil as dificuldades de sua comunidade durante a seca. Reprodução: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil.

Leandro da Silva, de 27 anos, é quem carrega as mercadorias de Madalena e para a Agência Brasil, contou que antes era realizado em 15 minutos com barcos, agora levam horas andando a pé. “A seca quebra as pernas de todo mundo, tem gente que sobrevive de flutuante e pode ver, tudo parado. As lanchas não passam, agora só as rabetinhas (embarcação), ainda encalhando porque está seco.”, disse ele.