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‘Segurança é desperdício’, disse fabricante do submarino que implodiu durante expedição ao Titanic 

Uma declaração polêmica feita por Stockton Rush, CEO da OceanGate, empresa responsável pelo submarino ‘Titan’, veio à tona um dia antes da implosão do submersível que aconteceu durante uma expedição aos destroços do Titanic. Rush, que acabou sendo uma das vítimas fatais do incidente no Oceano Atlântico, afirmou em um podcast que “em algum momento, a segurança é apenas puro desperdício”. O submarino estava desaparecido desde o último domingo, dia 18.

A declaração foi feita ao jornalista David Pogue, da CBS, durante o programa Unsung Science, logo após uma viagem exploratória ao Titanic em novembro do ano passado. Rush mencionou um “limite” para a segurança, argumentando que, em determinado ponto, assumir riscos é uma questão de equilíbrio entre risco e recompensa.

“Você sabe, em algum momento, a segurança é apenas puro desperdício. Quero dizer, se você só quer estar seguro, não saia da cama, não entre no seu carro, não faça nada. Em algum momento, você vai correr algum risco, e é realmente uma questão de risco-recompensa”, afirmou Rush no podcast.

Essa não foi a primeira vez que o CEO da OceanGate expressou opiniões controversas sobre segurança. Em 2019, ele descreveu a indústria de submersíveis como “obscenamente segura” e criticou as regulamentações que, segundo ele, atrasam a inovação. Rush reclamou que, embora seja uma indústria segura devido às regulamentações existentes, a falta de flexibilidade inibe o crescimento e a inovação.

No entanto, recentemente surgiram informações de que a OceanGate foi alertada por um ex-funcionário sobre problemas relacionados ao controle de qualidade e segurança do submarino Titan. Documentos judiciais revelaram que David Lochridge, ex-diretor de operações marítimas da empresa, levantou preocupações sobre a recusa da empresa em conduzir testes críticos e não destrutivos no Titan. A OceanGate processou Lochridge por divulgar informações confidenciais, enquanto o ex-funcionário alega ter sido demitido injustamente após levantar essas preocupações.

Segundo os documentos obtidos pela imprensa americana, os problemas apontados por Lochridge incluíam a falta de testes não destrutivos no casco do submersível e a utilização de materiais inflamáveis perigosos em seu interior. Os passageiros pagantes, segundo o ex-funcionário, não teriam conhecimento desses problemas ou dos riscos associados a um projeto experimental como o Titan.

QUEM ERAM OS TRIPULANTES DO TITAN?

Os 5 passageiros eram: Harmish Harding (superior esquerda), Stockton Rush (superior direita), Paul-Henri Nargeolet (inferior esquerda) e Shahzada Dawood e Suleman Dawood (inferior direita)

Todos os cinco tripulantes do Titan morreram no incidente. Os destroços do submersível foram encontrados na última quinta-feira, dia 22. Eles eram:

Hamish Harding: explorador e turista espacial de 58 anos;

Paul-Henry Nargeolet: ex-comandante da Marinha Francesa e o mais renomado especialista a respeito do Titanic no mundo;

Shahzada e Suleman Dawood: pai e filho que embarcaram na expedição para visitar os destroços do Titanic. Shahzada Dawood, 48, e Sulaiman Dawood, 19, fazem parte de uma das famílias mais ricas do Paquistã;

Stockton Rush: presidente da OceanGate, empresa responsável pelo veículo submersível, um ícone na exploração das profundezas do mar.