A Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, em Belém, acontece no mesmo mês em que ocorreu a Cúpula da Amazônia na cidade, apontando para um movimento intenso na capital que caminha para ser o polo do debate sobre as mudanças climáticas no mundo. Hoje, 31 de agosto, a palestra magna do evento foi do ex -primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, que afirmou que o Brasil e a Amazônia estão no epicentro do debate sobre o clima, além de defender a inclusão das mineradoras e petrolíferas na pauta e cobrar um plano estratégico para a Amazônia.
O ex-primeiro-ministro do Reino Unido afirmou que o principal desafio global do clima é conciliar o dilema do desenvolvimento econômico dos países emergentes com a pauta da sustentabilidade. “O mundo vai continuar crescendo, precisamos tirar as pessoas da situação de pobreza, então é preciso ter equilíbrio entre a sustentabilidade e desenvolvimento com proteção climática e criação de novas soluções. Eu não posso dizer aos presidentes, não desenvolva o seu país, porque eles vão desenvolver. Eles precisam desenvolver, eles devem desenvolver” afirmou.
Blair reforçou a responsabilidade dos países desenvolvidos nos impactos climáticos, mas, segundo ele, hoje a Europa é responsável por um número menor no cálculo das emissões globais, enquanto os países em desenvolvimento passaram a produzir maiores emissões de gás carbônico na atmosfera com a queima de combustíveis fósseis. “Historicamente, a responsabilidade reside nas mãos dos países desenvolvidos. Dos países ricos do norte global. Contudo, o que acontece hoje em dia é que dentro desses países as emissões estão de fato caindo. Então, até 2030, quando você somar todas as emissões dos Estados Unidos, da América e da Europa, a contabilização será de aproximadamente 20 % das emissões globais, enquanto os países em desenvolvimento passaram a emitir 70%”, afirmou.
O presidente do Instituto Tony Blair Para as Mudanças Climáticas, foi questionado sobre o trabalho que o seu instituto faz para países como a Arábia Saudita, que não é uma nação propriamente democrática, além de ter sua economia pautada na exploração de petróleo. “A modernização da Arábia Saudita é muito importante. Se não pudermos trabalhar com países que exploram combustíveis fósseis, não poderíamos trabalhar com a Inglaterra, por exemplo. No debate o setor monetário, petrolífero, setor privado tem que estar incluído. Temos que achar maneiras de que isso seja desenvolvido de uma forma melhor. Só vai funcionar se eles foram parte do debate. Você vai trazer todos os setores para dentro do debate. O mundo ainda precisa de aço. Muito na mineração vai ter que acontecer para produzir energia renovável”, disse.
Tony Blair ponderou que a Amazônia pode ser um exemplo de solução climática. “Todos sabemos que a Amazônia pode sim ser a solução. A proteção da floresta tropical é essencial para a mudança climática, para a medicina, a floresta tropical ensina muito. Sinto falta de um plano estratégico para a Amazônia, você precisa dispor de um plano estratégico que seja adequado. Se você tiver clareza e tiver um plano com credibilidade as pessoas vão te seguir. O problema com a política é que muita coisa se perde na fala. O desafio não é organizar mais uma conferência com líderes mundiais, mas sim fazer um plano e precisamos que esse plano seja levado a cabo”, criticou.
Blair também elogiou o Pará e apontou Belém como epicentro das discussões climáticas no mundo com a realização da COP-30 em 2025. “Nós estamos aqui em Belém e será este mesmo o local em que será organizada a COP-30. E a propósito, é a primeira vez que eu venho aqui, neste Estado brasileiro. E é um belíssimo estado, é um prazer estar aqui. Então este [COP] será um evento realmente de grande vulto, o que acontecerá em 2025”, afirmou.