No cenário político atual, a destinação de emendas parlamentares para ações de prevenção e educação ambiental tem se destacado como um tema de extrema relevância no Rio Grande do Sul, que vem enfrentando o maior desastre ambiental da sua história.
Dos 31 deputados federais que representam o estado, apenas três têm destinado recursos para iniciativas nesse sentido, e todas elas são deputadas gaúchas.
SOMENTE TRÊS DEPUTADAS MULHERES DESTINARAM RECURSOS A PREVENIR DESASTRES NO RS
Reginete Bispo e Maria do Rosário, ambas do PT, direcionaram um total de R$1,7 milhão para ações de cidadania e educação ambiental. Por sua vez, a deputada Fernanda Melchionna, do Psol, destinou R$1 milhão para estudos e obras de prevenção e proteção à erosão costeira em áreas urbanizadas.
No entanto, apesar do montante expressivo, apenas R$730 mil foram efetivamente pagos, referentes às emendas de Maria do Rosário. Esse cenário levanta questionamentos sobre a efetividade das políticas públicas ambientais e a necessidade de maior engajamento dos parlamentares nessa causa.
Enquanto isso, o Rio Grande do Sul enfrenta uma grave situação devido às intensas chuvas que atingem o estado desde 29 de abril. Os números são alarmantes: 90 mortos, 131 desaparecidos, 362 feridos e outros quatro óbitos sob investigação, mais de 1,4 milhões de pessoas afetadas pelos temporais. 204 mil pessoas estão fora de suas casas, quase 50 mil em abrigos e 156 mil desalojados. Este é o maior desastre ambiental da história do estado, afetando 397 dos 496 municípios do estado, mais de 80% do RS.
Segundo a nova atualização, são 451 mil pontos sem luz no estado. Na área da CEEE Equatorial, são 206 mil imóveis sem energia. A RGE Sul tem 245 mil imóveis afetados.
A Corsan totaliza 649 mil clientes sem abastecimento de água no estado. Em Porto Alegre, o Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) informou que religou a Estação de Tratamento de Água (ETA) São João na manhã desta terça. Trinta e cinco bairros da Zona Norte são abastecidos. Outras quatro estações estão fora de operação.
A operadora Tim afirma que há 20 municípios sem serviços de telefonia e internet. A cobertura da Vivo está prejudicada em 172 cidades. Na Claro, são 19 municípios sem sinal. As operadoras liberaram pacotes de internet grátis para clientes no Rio Grande do Sul para permitir que a comunicação seja mantida em meio aos temporais que atingem o estado desde 29 de abril.
O governo do RS afirma que 790 escolas de 216 municípios estão afetadas (388 danificadas, 52 servindo de abrigo, além de locais com problemas de transporte e acesso). Os problemas impactam 273 mil estudantes.
As aulas da rede estadual serão retomadas, na terça (7), nas regiões de Uruguaiana, Osório, Erechim, Rio Grande, Palmeira das Missões, Três Passos, São Luiz Gonzaga, São Borja, Ijuí, Caxias do Sul, Pelotas, Santa Cruz do Sul, Passo Fundo, Santa Maria, Cruz Alta, Bagé, Santo Ângelo, Bento Gonçalves, Santa Rosa, Santana do Livramento, Vacaria, Soledade e Carazinho.
As regiões de Porto Alegre, São Leopoldo, Estrela, Guaíba, Cachoeira do Sul e Canoas não têm previsão de retomadas das aulas.
As rodovias estaduais registram bloqueios totais e parciais em 95 trechos de 41 estradas. Conforme o governo, equipes trabalham para desobstruir as rodovias o mais rápido possível.
A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) informou que o Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, está fechado por tempo indeterminado, com todas as operações suspensas. Imagens mostram alagamentos em áreas de espera, de circulação de passageiros e até de pouso de aviões.
Passageiros que já tinham viagens aéreas marcadas com origem ou destino em Porto Alegre podem solicitar compensação às companhias aéreas.
O governo decretou estado de calamidade, situação que foi reconhecida pelo governo federal. Com isso, o estado fica apto a solicitar recursos federais para ações de defesa civil, como assistência humanitária, reconstrução de infraestruturas e restabelecimento de serviços essenciais.
A Defesa Civil colocou a maior parte das bacias hidrográficas do estado com risco de elevação das águas acima da cota de inundação.
A CAUSA DOS TEMPORAIS
Os meteorologistas afirmam que os temporais que ocorrem no Rio Grande do Sul são reflexo de, ao menos, três fenômenos que ocorrem na região, agravados pelas mudanças climáticas. Nas próximas 24 horas, há previsão de mais chuva.
A tragédia no estado está associada a correntes intensas de vento, a um corredor de umidade vindo da Amazônia, aumentando a força da chuva, e a um bloqueio atmosférico, devido às ondas de calor.