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Tarifa de ônibus sobe em Goiânia, mas valor não chega no bolso dos usuários; Belém pode implantar o mesmo?

O valor da tarifa de ônibus na cidade de Goiânia (Goiás) segue sofrendo reajustes desde 2009, apesar de alguns anos o valor ter sido congelado nestes anos. Diretamente proporcional a isso, os usuários são impactados com o crescimento da taxa de transporte e reclamam do serviço, certo? Errado. O governo do estado vem investindo no serviço e subsidia os custos do transporte público, de modo que alivia o bolso dos usuários que necessitam usufruir do mesmo.

O Governo de Goiás garantiu que vai continuar subsidiando 41,2% do custo além da tarifa atual, juntamente com a Prefeitura de Goiânia, que também arca com 41,2%, e prefeituras de Aparecida e Senador Canedo (grandes cidades de Goiânia), que subsidiam o restante.

A tarifa técnica é calculada a R$ 7,26, o que acarreta um subsídio de R$ 2,96 aos cofres públicos. No ano, são revertidos R$ 265 milhões às concessionárias para custear o complemento do valor das passagens. Entretanto, o valor que o usuário do serviço paga é de R$ 4,30. Uma grande redução propiciada à população.

INVESTIMENTO

O custo do Poder Público com a tarifa de ônibus na Região Metropolitana de Goiânia foi de R$ 265 milhões, em 2022. O recurso foi usado para completar o valor da tarifa técnica, e garantir que não houvesse aumento para o usuário do transporte público.

O Governo de Goiás pretende investir R$ 110 milhões no subsídio para o transporte coletivo em 2023, na capital e nas cidades vizinhas.

Ainda na linha de investimentos do poder público nos transporte da cidade, novas iniciativas foram lançadas: o bilhete úinico, o Passe Livre do Trabalhador e, recentemente, a Meia Tarifa, que já foi adotada em cidades como Senador Canedo, Nerópolis, Goianira e Trindade. Ou seja, é mais benefício para a população.

E BELÉM?

O BT conversou com o especialista em mobilidade urbana e trânsito, Rafael Cristo, sobre quais caminhos e como Belém pode aperfeiçoar o serviço de transporte público na capital paraense e melhor servir à população.

“Vejo que para Belém implantar algo semelhante do sucesso do serviço como em Goiânia, por exemplo, é ideal que os setores de trânsito e transporte público sejam separados. Que haja uma secretaria de trânsito e outra de trânsporte público, para de fato desenvolver a mobilidade e o fluxo na cidade, como ocorre em São Paulo e outras capitais. Isso ia proporcionar o enxugamento das demandas e um direcionamento mais efetivo do trabalho para cada um (transporte público e trânsito)”, afirmou Cristo.

Outra medida relevante que permite trabalhar rumo ao aperfeiçoamento do serviço em Belém, seria elaborar uma previsão orçamentária bem definida pela prefeitura da cidade para possibilitar o incentivo ao transporte. “Além desse desmembramento de trânsito e transporte, outra questão é a previsão orçamentária no plano plurianual de gastos da prefeitura de Belém para poder subsidiar o investimento e custeio da gestão no valor do serviço para que o usuário possa ser aliviado desse valor da tarifa. O atual modelo de Belém é oneroso para o usuário “, disse.

Com essas possibilidades apontadas pelo especialista se transformando em realidade é viável que a melhoria do serviço e a qualidade disponibilizada ao passageiro seja concretizada. “Aliando essas duas estratégias que eu disse o serviço vai melhorar e a qualidade no transporte também vai chegar. Além de outros benefícios como programas de tarifa única, bilhete único, que são outras iniciativas já em prática em outras capitais e que Belém pode colocar em funcionamento, ajustando esses pilares de transporte, trânsito e a previsão orçamentária para investir”, ponderou.

ENTRAVE

A Superintendência de Executuva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) vem trabalhando para promover melhorias no serviço de transporte da capital através do lançamento de editais para captar empresas para ofertar o serviço à população. Contudo, dois editais que foram abertos para selecionar empresas para o transporte não obtiveram sucesso. Isto porque, os editais foram desertos, ou seja, não houve o manifesto interesse de empresas do setor.

Tal cenário ocasiona a reflexão para quais saídas podem ser adotadas para que as empresas do setor sejam atraídas, e consecutivamente, os usuários depositem confiança no serviço prestado e retornem a utilizar o transporte público de Belém.

Para Rafael, três elementos devem ser pensados e desenhados de forma harmônica para atrair empresários para o transporte urbano da capital. “Vejo que para solucionar esse problema dos editais é necessário o alinhamento político, que é a estabilidade política entre a prefeitura em parceria com os empresários, pela vontade efetiva de resolver a questão. Outro elemento é técnico, associado à questão contratual e a segurança jurídica em relação ao tempo de contrato para prestar o serviço, de maneira que o empresário sinta segurança na proposta e decida entrar, manifestar interesse. E um terceiro ponto, somando a estabilidade política e a segurança jurídica, é a gestão inclusiva, voltado para o social, implantando demandas benéficas para a sociedade que seria a redução da tarifa, que impactaria diretamente na qualidade do serviço com veículos novos, ar condicionado, conforto, enfim, voltaria a atrair o usuário”, explicou.

Por fim, Cristo avalia que todos estes fatores favorecem a evolução do serviço no caminho do atendimento da grande demanda que precisa do transporte. “Esse aspectos todos são eficientes e acabam com questões onerosas como gasolina, a alegação de que caiu o número de usuários, dentro do contexto que vemos hoje de muitas opções de transporte, sobretudo os motoristas de aplicativo que podem buscar a pessoa em casa. Acredito que ajustar esse escopo de trabalho com os empresários, as secretarias de transporte e trânsito e a previsão orçamentária bem definida podem atrair as pessoas novamente para o transporte público de Belém”, finaliza.

O BT entrou em contato com a Semob sobre os trabalhos da autarquia para o novo edital que será lançado para solucionar o entrave do transporte público de Belém e aguardamos um retorno.

*Com informações de sagresonline.com