Na última semana, registros de uma tartaruga morta com mais de 400 ovos na barriga, em Algodoal, no município de Maracanã, no nordeste paraense, circularam na internet após uma publicação do “projeto Suruanã”, da Universidade Federal do Pará (UFPA), voltado para a conservação de quelônios no litoral paraense.
No post feito nas redes sociais, é possível ver que a tartaruga teve a barriga aberta com centenas de ovos ainda dentro dela. Na legenda das imagens, o projeto diz: “Suruanã apenas postou o ocorrido para que todos os órgãos possam juntar forças para combater esse crime”.
Após as denúncias, os proprietários do curral onde a tartaruga foi capturada e morta foram autuados por crime ambiental. Membros do “Suruanã” se reuniram no último domingo para se posicionar a respeito.
“Passando para deixar um relato triste ocorrido nessa noite na ilha de Algodoal, amarraram uma tartaruga que estava dentro do curral para que ela morresse, dentro dela estavam mais de 400 ovos, esperamos que os órgãos competentes tomem algum posicionamento a respeito dessa situação, isso é um ato de crueldade”
Moradores da região relataram que a tartaruga, identificada como sendo da espécie Chelonia Mydas, popularmente conhecida como Tartaruga Verde, foi encontrada presa em uma rede de pesca abandonada. A prefeitura de Maracanã declarou ao Liberal que assim que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) foi acionada, se deslocou para o local. Apesar de constatarem que a tartaruga estava presa pela nadadeira no curral, os fiscais não teriam consigo resgatá-la por causa da maré cheia. E ao voltar ao local já teriam encontrado o animal sem vida.
“O departamento de fiscalização da Semma, junto ao diretor de fiscalização ambiental Bruno Sullyvan e os fiscais deslocaram até a unidade de conservação para autuar os responsáveis por matar a tartaruga. Foram identificados os proprietários do curral e feito a notificação e auto de infração dos mesmos, também foi instaurado o inquérito pela polícia civil nos artigos 29 e 32 da 9.605/1998 de crimes ambientais”.
A prefeitura também diz que uma equipe técnica está elaborando um relatório para anexar ao processo que será encaminhado ao poder judiciário. “A Semma lamenta o ocorrido e já intensificou a fiscalização e monitoramento na unidade de conservação bem como elabora planejamento para levar educação ambiental para os pescadores e curralistas”, conclui a nota.
O Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (IDEFLOR-Bio) também informou que repudia qualquer crime ambiental cometido nas suas Unidades de Conservação.
Um representante da associação de moradores de Algodoal afirmou que “esse é mais um exemplo da falta de conscientização dos pescadores em relação à preservação das espécies marinhas”. Também afirmou que a associação está organizando uma manifestação para cobrar das autoridades medidas mais efetivas de proteção à fauna marinha.