Na tarde desta sexta-feira, 26, alunas e alunos do Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (Unifamaz), realizaram protesto contra o professor Marcus Vinícius Henriques Brito, que foi filmado fazendo apologia ao estupro dentro de sala de aula. Na ocasião, os estudantes estavam em aula prática do processo de intubação de um paciente quando o acusado questionou se a aluna já havia lubrificado o tubo. Com a resposta negativa, o docente questionou: “Quando a senhora for estuprada vai levar KY ou vai preferir no seco mesmo?”
O caso, que aconteceu no dia 17 de novembro, viralizou nas redes sociais quando o vídeo passou a ser disseminado. Com a repercussão, a instituição de ensino soltou nota afirmando que iria apurar os fatos por meio do Comitê de Ética Disciplinar. A Universidade do Estado do Pará (Uepa), outra instituição em que o acusado trabalha, declarou que se solidariza com a aluna e que já repassou o caso para a Procuradoria Jurídica da entidade. Enquanto isso, a Universidade Federal do Pará (UFPA) soltou nota afirmando que solicitou junto à Procuradoria Geral a análise das providências cabíveis dentro da universidade, e se solidarizou com as vítimas.
Respeita as mina
Durante o protesto, os estudantes gritavam palavras de ordem, exigiam um posicionamento mais veemente da instituição e exibiam cartazes com dizeres como: “Médico ignorante, machista de verdade. Teu CRM não te da impunidade”.
A aluna Carolina Oliveira, 25, aluna de medicina da Unifamaz, afirmou que o Centro Universitário tentou abafar o caso e fechou o portão do campus para o protesto afirmando que a baderna não seria aceita ali.
“A instituição estava tentando abafar o caso. Mas isso é um assunto que tem que ir pra rua, é um assunto complexo, é um professor da instituição, um profissional, um médico. Ele fez uma ‘piadinha’ de estupro, mas isso não é piada. Estupro não é piada!”, defendeu a estudante.
Veja o relato completo:
O professor, que está sendo investigado por assédio, foi acusado de já ter um histórico de comportamento abusivos contra os alunos e até mesmo de não respeitar o uso de máscara nas instituições de ensino em que trabalha. O aluno Lucas Oliveira, 25, aluno de medicina da Unifamaz, e que estava na sala no momento em que o vídeo foi gravado, afirmou que os alunos estão cansados de professores sempre saindo impunes por parte da coordenação da instituição. “Eles acham que, por ter a defesa da coordenação, que é totalmente impune a esse tipo de violência, que eles podem nos tratar e tratar as nossas colegas dessa forma violenta.”, afirmou o aluno.
Veja o relato completo:
Reinvindicações:
A advogada Natasha Vasconcelos, representante do movimento e membro da Comissão de Mulheres da OAB, afirmou que no momento do protesto ainda não havia sido atendida pela instituição de ensino, e que questionariam quais providências seriam tomadas pelo centro universitário não só em relação ao docente, mas, principalmente, em relação aos discentes. Ela afirmou ainda que, com o protesto, ela espera que as instituições de ensino criem canais de denúncia para que situações como essa não sejam recorrentes.
“Queremos verificar as providências tomadas pela universidade quanto ao docente, mas também, principalmente, quanto aos discentes. O que a gente espera, diante de todo esse barulho que tá sendo feito aqui, é que as instituições de ensino comecem a criar canais de denúncia, locais de acolhimento, para que situações como essa não sejam recorrentes e não fiquem impunes”, declarou.
A vereadora Beatriz Caminha (PT-Pa), que estava presente e discursou junto aos manifestantes, afirmou que é inadmissível o comportamento do professor dentro de sala de aula, usando sua posição de poder para fazer apologia ao estupro. A vereadora declarou ainda que espera a demissão do professor do Centro Universitário, além de entrar em processos administrativos na UFPa e Uepa.
“Eu espero que esse professor seja demitido da faculdade, que ele entre em processos administrativos na UFPa e na Uepa, e que seja cassado a licença dele para exercer a medicina”, disse ela.
Participante ativa de movimentos estudantis, Beatriz Caminha ajudou a mobilização para o protesto.
“Desde que aconteceu o ocorrido eu fiquei sabendo por já fazer parte de movimento estudantil. Nós acompanhamos ontem, postei nas minhas redes sociais, ajudamos a mobilizar, a organizar e hoje estamos aqui.”, finalizou.
Demitido:
O Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (Unifamaz), informou em nota que o professor Marcus Vinícius Henriques Brito, já não faz mais parte do corpo docente da instituição e que fornecerá apoio acadêmico-psicopedagógico para os envolvidos.
A Universidade do estado do Pará – UEPA, declarou em nota que repudia práticas dessa natureza, que se solidariza com a aluna e acompanha o caso. A UEPA diz que procuradoria jurídica está tomando providências e aUniversidade Federal do Pará – UFPA, informou que solicitou à Procuradoria Geral a análise das providências cabíveis e diz ser solidária às alunas atingidas.