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Vem pra Belém da COP-30: ao BT, Jader Filho fala sobre Amazônia, programas sociais, jornalismo e mais; confira

Brasília (DF). 17/04/2023 – O Ministro das Cidades, Jader Filho, participa do programa A Voz do Brasil Foto Valter Campanato/Agência Brasil.

Em mais uma entrevista para o quadro “Vem pra Belém da COP-30”, o BT Amazônia convidou o Ministro das Cidades, Jader Barbalho Fontenelle Filho, para falar sobre os desafios da capital paraense para receber o maior evento climático do mundo em 2025.

Jader Filho.

Em uma conversa que durou quase uma hora e meia, Jader Filho falou para a jornalista Mary Tupiassu sobre o início da caminhada na área da comunicação, sobre como é fazer parte de uma família que respira política, falou sobre momentos difíceis durante um das campanhas do irmão – o governador Helder Barbalho, contou como a distância física da família o afeta atualmente, e conversou muito sobre os planos do governo federal para o Pará e para Belém – desde programas como o ‘Minha Casa, Minha Vida’, até projetos de arborização para cidades.

UM PÉ NA POLÍTICA, OUTRO NA COMUNICAÇÃO

Jader Filho contou ao BT um pouco da criação dentro de uma família voltada pra política. “Eu venho de uma família de políticos. Meu avô era político, meu pai é político, minha mãe vem da política estudantil. Meu pai e minha mãe se encontram na Juventude Católica e, a partir, lutando contra a ditadura. Meu avô foi caçado em 1964. Então nós temos uma trajetória política que vem lá da resistência, lá do MDB na luta contra a ditadura. A nossa casa sempre respirou política”, contou.

Jader Barbalho, Jader Filho, Elcione Barbalho e Helder Barbalho. Foto: Reprodução.

O ministro das Cidades também relembrou outro traço forte dentro da família Barbalho: a comunicação. “Tinha o lado do jornalismo, que também vem do meu avô Laércio. Ele é fundador do Diário do Pará, mas, antes disso, poucas pessoas sabem, mas o meu avô fundou o O Liberal. Antes do Rômulo (Maiorana) assumir o Liberal, ele era um jornal do PSD – o partido do meu avô. Era o jornal da resistência”, relembra.

OS PRIMEIROS PASSOS NA COMUNICAÇÃO

“Eu entrei no Diário em 1994, nessa época eu estava fazendo o curso de comunicação, quando meu pai disse que eu ia ajudar meu avô a frente do Diário do Pará. Meu pai falava muito pra mim que, pra entender a empresa, a gente precisava passar por cada um dos aspectos da empresa. O papai queria que eu passasse por todas as etapas de produção do jornal. Então eu comecei na circulação, eu distribuí jornal. Eu tinha um gol (carro) e atrás levava os jornais. Eu quis sempre ser independente, eu queria comprar o meu carro, fazer a minha trajetória”, contou o Ministro das Cidades.

O INÍCIO NA POLÍTICA

Jader seguiu relembrando os ensinamentos do pai, Jader Barbalho, e contou que a entrada na política não era um plano do patriarca para os filhos. “Meu pai nunca quis que nem eu, nem o Helder entrássemos pra política. O Helder foi na guerra mesmo, ele foi atropelando mesmo. Eu tenho um temperamento mais conciliador, o Helder tem um temperamento mais forte. E enquanto eu fui pedindo autorização, o Helder já foi comunicando. Já chegou dizendo que ia ser candidato a vereador de Ananindeua”, relembra.

Jader Filho e Helder Barbalho.

Foi, inclusive, na primeira campanha do irmão ao Governo do Estado que Jader Filho teve o primeiro grande desafio na política, enquanto passava por um momento delicado na vida pessoal. “Em 2012, na primeira campanha do governador Helder, eu estava só para ajudar, mas aconteceram dois fatos importantes: o meu pai ficou doente, ele teve um tumor na hipófise, e aí eu fui obrigado a virar o coordenador da campanha. Simultâneo a isso, o marketeiro também ficou doente e não pôde fazer a campanha. Eu tive que ficar responsável por tudo. Foi uma campanha muito traumática, a minha esposa fica grávida, mas ela teve uma gravidez tubária e perde. Foi um período muito traumático”, relembra.

E segue: “Nós perdemos naquele ano, mas depois o Helder vai pra Brasília e eu fico em Belém. E o papai já começa o processo de transição política para nós. Depois que o Helder vira governador em 2018, o MDB reúne porque o partido não pode ter alguém que ocupe um cargo como prefeito, governador, presidindo o partido. O estatuto não permite. O papai não queria mais. E aí eu viro presidente do partido, fui reeleito recentemente”, conta.

MINHA CASA, MINHA VIDA CIDADES

O ministro das Cidades falou ainda sobre o que pensa para o programa “Minha Casa, Minha Vida Cidades”. “O presidente Lula estabeleceu como meta pro ‘Minha Casa, Minha Vida’ dois milhões de unidades habitacionais: 500 mil com o orçamento geral da união e 1,5 milhão a partir do FGTS. E ele exigiu que, daqui pra frente, todos tenham varanda”, contou.

E seguiu: “É de uma insensibilidade tão grande esses últimos quatro anos. Não se construiu uma única unidade habitacional para o público mais necessitado, que a gente chama de faixa 1. Eu acho que o governo tem que olhar pra todo mundo, faixa 1, 2 e 3. Como eu posso pegar as pessoas que mais precisam e tirar elas do orçamento?”, questiona.

O ministro ainda falou sobre o cadastro para participar do programa. “Quem faz o processo de seleção normalmente são as secretarias de habitação dos municípios. As famílias tem que se enquadrar dentro dos perfis de faixas 1, 2 e 3, e aí elas vão ter acesso. Ou através do orçamento geral da União, que está exclusivo para a faixa 1, ou do FGTS que está aberto para as três faixas de renda”, explicou.

PRESERVAÇÃO AMBIENTAL E BIOECONOMIA

O ministro das Cidades debateu também sobre os cuidados necessários com o meio ambiente e com as pessoas e como as duas coisas, na avaliação dele, não andam separadas. “A gente não pode tratar da Amazônia sem lembrar de falar dos Amazônidas. E onde é que vivem esses amazônidas? Nas cidades. O presidente Lula, em um encontro que tivemos recentemente no Diálogos Amazônicos em Belém, ele pediu que eu fizesse uma intervenção. E eu falei que todo mundo fala tanto da floresta em pé, mas como vamos falar de preservação sem falar das cidades? Como não vamos falar das pessoas? As pessoas querem qualidade de vida, um bom emprego, lazer. Então se a gente quer, de fato, falar em preservação, precisamos começar falando das pessoas”, analisou.

Jader Filho ainda falou sobre a imagem da Amazônia como “pulmão do mundo” e reclamou de potências mundiais que não investem na preservação da mesma. “Todo mundo fala que a Amazônia é o pulmão do mundo, mas vamos cuidar? Vão continuar só com propaganda? Fingindo? Ou vamos cuidar das pessoas e, a partir das pessoas, cuidar do meio ambiente? Então se nós vamos falar de meio ambiente, é importantíssimo que as pessoas venham para Belém pra entender de fato o que é a Amazônia. Porque esses caras falam da Amazônia de longe, a partir de um documentário, de um livro, e nunca estiveram aqui, pra entender o que é uma cidade amazônica”, afirmou.

LULA

Lula e Jader Filho.

Jader Filho comentou sobre a relação que tem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Eu tenho muita honra de ser ministro do presidente Lula. Eu me sinto uma pessoa abençoada, porque poder conviver e trabalhar com um dos maiores líderes mundiais. Ele, com a experiência que ele tem, com o carinho que ele tem pelo ministério das cidades, eu me inspiro muito nas coisas que ele faz e fala”, elogiou.

O ministro também comentou sobre o debate de quem deve concorrer ao cargo de vice-presidente da República em caso de um quarto mandado de Lula. “É muito distante. Nesse momento, em Brasília, a pauta não é quem será o vice do presidente Lula. Acho que a pauta em Brasília é para discutir quem serão os prefeitos.”

PREFEITURA DE BELÉM

Ao ser questionado sobre uma possível disputa pela prefeitura de Belém, Jader Filho não recuou diante do desafio e afirmou que se sentiria honrado. “É uma honra muito grande, para qualquer pessoa que é apaixonada como eu sou por Belém, você sonha em ter um papel de protagonismo pra você poder deixar um legado. Mas só o fato de poder participar de todas essas discussões com o prefeito Edmilson, com o governador Helder, com o presidente Lula, sobre o futuro da nossa cidade”.

SAUDADE DA FAMÍLIA

Jader Filho com a esposa, Laice, e a filha do casal.

Um dos pontos mais difíceis de adaptação ao novo cargo, segundo o ministro, é administrar a saudade da família, que até janeiro segue morando em Belém. “A minha família ainda não foi pra Brasília. Se você me perguntasse se tem alguma coisa que ainda não está legal, é só isso, essa distância da família. Ainda há pouco vocês me perguntaram alguma coisa que as pessoas não sabem de mim. Eu durmo de conchinha com a Laice todo dia. E eu tô há 10 meses que eu tento encontrar essa conchinha na cama lá em Brasília e não encontro e o sono nunca é o mesmo e eu não me acostumo. Acordei hoje em casa e disse pra ela: chega”, brincou.

HELDER BARBALHO

Jader e Helder Barbalho

O ministro ainda falou sobre a relação com o irmão, o governador do Pará, Helder Barbalho. “Meu irmão, meu amigo. Como todo irmão, a gente se estapeava. A nossa convivência era muito intensa. Desde brincar de bonequinho, a brincar de vídeo game, de ser apaixonado pelos nossos times de futebol, pelo Remo, pelo Flamengo, pelo São Paulo. A gente curtia muito ir pra campo de futebol, jogar bola todo dia, o Helder era goleiro, hoje ele é atacante. A gente sempre foi muito próximo, muito junto, acabou que a gente tá agora trabalhando juntos podendo deixar um legado pro nosso estado e pra nossa cidade. Mais do que irmão, ele é meu amigo. Eu sou padrinho dos três filhos dele, e eu sei o quanto ele ama os filhos dele. E ele ter me escolhido pra ser o padrinho dos três, isso mostra a intensidade dessa relação”, conta.

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