Em mais uma entrevista para o quadro “Vem pra Belém da COP-30”, o BT Amazônia falou com a atriz e ativista socioambiental Laila Zaid. Em uma conversa que durou quase uma hora, a artista falou com a jornalista Mary Tupiassu sobre Amazônia, preservação do meio ambiente, conscientização, maternidade e como faz para atingir um público cada vez maior abordando estes temas nas redes sociais.
Sobre o começo nas discussões socioambientais, Laila afirma que sempre foi muito ligada na natureza. “Eu sempre fui muito ligada às questões sociais e sempre fui muito ligada a natureza, mas eram coisas separadas na minha vida. No meu cotidiano, aqui na minha casa, na educação dos meus filhos, eu já trazia muito a questão da sustentabilidade. Aí quando estoura a pandemia, eu fui morar no meio do mato com um grupo de amigos, a gente monta uma escola florestal para os nossos filhos, e ali eu consigo colocar em prática muitas das coisas que eu tinha dificuldade na cidade, como plantar minha própria comida, compostar direto na terra”, conta.
E seguiu: “E aí eu comecei a usar minhas redes sociais pra ir compartilhando um pouco dessa experiência que eu estava vivendo. Mesmo na cidade eu já era uma pessoa que pensava no impacto da minha vida, do meu cotidiano, então eu já tinha algum conhecimento”, afirmou.
Sobre os conteúdos didáticos e divertidos nas redes sociais, Laila afirma estar atingindo o público alvo. “Eu não tô falando nada novo. Eu tô falando o que dizem há anos, há décadas, e que ninguém tá escutando. Ninguém quer ouvir que fomos nós que botamos fogo na casa e somos nós que temos que apagar o fogo. É chato eu falar pra você ‘ó, tem que parar de comer carne’. Ninguém quer ouvir isso. As pessoas querem o conforto, querem a praticidade”, argumentou.
A atriz e ativista se divertiu ao falar sobre o uso do humor nos materiais didáticos. “Se eu faço um vídeo do Cauã Reymond, que é engraçadinho, a pessoa riu, mas recebeu aquele vídeo…a sementinha fica ali. E aí você vai, aos pouquinhos, letrando a audiência. Lá atrás eu só falava de consumo sustentável. Eu falava da fralda de pano dos meus filhos, do meu absorvente de pano, de brinquedos de plástico. Hoje eu já consigo falar de descarbonização de algum forma, eu consigo trazer a pauta dos povos indígenas fazendo associação com a importância da preservação”, analisou.
Laila explicou também como faz a análise do próprio público. “Eu segmento o público em três: a galera da nossa bolha, a galera que é radical do lado de lá – que é uma galera que vai mandar o hate, vão ser agressivos e eu não vou engajar com eles até por uma questão de saúde mental, mas tem no meio uma galera do bem, bacana e que só precisam ir ganhando conhecimento aos poucos. Essas pessoas às vezes reproduzem discursos do lado de lá”, afirmou.
MATERNIDADE SUSTENTÁVEL
Laila Zaid falou ainda sobre a criação dos filhos em um meio sustentável e como essas ideias a classificaram como uma “mãe chata” para terceiros. “Eu ouço muito que eu sou a mãe chata, eu sou muito julgada e tudo bem. Eu acho que tem duas coisas hoje que são muito claras: um que eu acho que as crianças estão consumindo muitas telas e o outro é que eu acho que as crianças estão muito sem limite. Educar e dar limite dá muito trabalha e a gente tá muito cansado, trabalha pra caramba, são milhões de coisas pra equilibrar e, às vezes, você não tem mais energia pra dar limite”, analisou.
E seguiu: “eu acho que essa combinação de crianças sem limites e com muito acesso a telas uma coisa perigosa. E eu tô disposta a ser a mãe chata porque eu acho que no final os meus filhos vão ser mais felizes e saudáveis. E eu vou fazer o que estiver ao meu alcance pra isso”, afirmou.