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Você já sofreu preconceito no trabalho? Psicóloga Juliana Galvão fala sobre casos de discriminação

Nós perguntamos e vocês responderam: já sofreu preconceito no ambiente de trabalho?
Foi difícil ler as respostas. Alguns afirmaram ter sofrido discriminação ligada à religião, outros falaram de homofobia, também há quem já tenha vivido a dor do racismo no trabalho.
O preconceito existe. No trabalho, também. Precisamos falar disso.

O trabalho ocupa um espaço importante das nossas vidas. Calcula aí quanto tempo tu investes na tua vida profissional. Na conta entram as horas de trabalho, tempo em deslocamento para chegada e saída, cursos extras e tudo que envolve direta e indiretamente a tua rotina de trabalhador. É essencial ter um clima bacana e leve no teu ambiente profissional. E quantas pessoas estão na tua rede de Contatos? A diversidade é fundamental para a troca e crescimento na carreira do trabalhador e para a corporação. Contudo, o preconceito ou a discriminação são dificuldades que precisam ser combatidas.

Uma pesquisa do Instituto Datafolha mostra que esse é um problema crescente.
Num estudo longitudinal, foi analisada uma amostra de aproximadamente 2 mil pessoas, a qual sinalizou o percentual de brasileiros que já foram vítimas de algum tipo de preconceito, num recorte de dez anos:

26% por motivos religiosos (no levantamento anterior era 20%)
24% por questões de gênero (no levantamento anterior era 11%)
22% em função de cor ou raça (no levantamento anterior era 11%) 
9% pela orientação sexual (no levantamento anterior era 4%).

E como perceber se estou sendo alvo de discriminação no meu ambiente de trabalho?
Atos de exclusão ou mesmo algum tratamento que lhe seja dado com base em alguma característica sua, sinalizam atos discriminatórios.
Uma seguidora nos informou que passou a ser preterida pela chefia depois que a superior soube que a funcionária é lésbica. São atitudes que tu podes observar. Se oportunidades de cursos ou de promoção são direcionadas à outros colegas e não à você, sem motivo justo para isso, talvez você esteja vivendo a discriminação. Outro seguidor afirmou que na loja em trabalhava, uma cliente disse que não gostaria de ser atendida por ele pois queria um vendedor mais “branco”. Um dos relatos na dm do BT apontou a religião como um critério para segregar um funcionário em detrimento de seus colegas.

Além de absurdo, falta de respeito e violência, condutas desse tipo já estão tipificadas na legislação e implicam punições. Por isso importa que você registre boletim de ocorrência ao vivenciar o preconceito. É preciso punir o agressor. Existe ainda um desdobramento sério dessas violências no ambiente de trabalho: o assédio moral.

Mas, qual a solução para o preconceito no ambiente de trabalho?
As organizações precisam se posicionar veementemente contrárias às discriminações. Promover conscientização e debates, além de formar lideranças que defendam o respeito como a base para as relações de trabalho. Disponibilizar canal de denúncia seguro e acessível aos funcionários. Na evidência das violências, é essencial que as corporações punam os criminosos e defendam os trabalhadores que sejam vítimas, dando o suporte necessário, incluindo apoio jurídico e psicológico, por exemplo.
Aos trabalhadores cabe usufruir de um espaço saudável e que respeite as formas de ser e estar de todos. Em casos de preconceito, denuncie, registre boletim de ocorrência. A punição é uma parte importante no combate à essas violências. Por mais respeito no trabalho.

Até a próxima.

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Juliana Galvão
Psicóloga
CRP 10/3645