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Voluntários são coagidos para retirada de armas em aeroporto no RS

Um grupo de voluntários que trabalham ajudando vítimas nas inundações do Rio Grande do Sul afirmam ter sido enganados durante o resgate de um carregamento de armas no Aeroporto Internacional Salgado Filho. A operação ocorreu na quinta-feira passada, dia 9, no qual foram retiradas mais 3 mil armas da propriedade da fabricante Taurus, com participação da empresa e coordenada por um grupo tático da Polícia Federal (PF).

Voluntários Nicolas Vedovatto, Igor Oliveira e Isaac Lopes.

O programador e voluntário, Igor Garcia Cunha de Oliveira, de 26 anos, que está trabalhando nos resgastes desde o dia 4 de maio, afirma que o grupo de voluntários foi acionado para realizar um resgate de crianças e que, somente perto do local, ficaram sabendo que se tratava de um transporte de armas. “A gente foi enganado. Não pela polícia, mas por um terceiro que se disse funcionário da Taurus. A gente foi de coração aberto para resgatar crianças, mas, chegando ao local, ficamos sabendo que era uma carga de pistolas e outras armas. A gente chegou logo de manhã e a operação acabou no pôr do sol”, frisou.

Segundo Igor, a PF não tinha conhecimento que o grupo do qual fazia parte era formado por pessoas sem ligação com a empresa Taurus. “No final da operação, expliquei a situação. Eles ficaram chocados porque achavam que a gente era uma equipe especializada da Taurus”, contou.

Nota da empresa Taurus

Em nota para o Portal O GLOBO que não sabia da participação do grupo e que irá investigar sobre o ocorrido. “A empresa desconhece a participação de voluntários e vai levantar os fatos junto às autoridades policiais que participaram da operação”, diz a nota.

A operação foi coordenada, na parte fluvial, pelo Comando de operações Táticas da Polícia Federal (COT), e na parte terrestre, com veículo de transportadora credenciada pelo Exército Brasileiro. Ademais, ainda houve a escola por dois veículos de segurança privada armados, além dos três carros da Coordenadoria de recursos Especiais (CORE) da Polícia Civil do Rio Grande do Sul.

Grupo de voluntários

Segundo o investidor, Nicolas Vedovatto, de 26 anos, a operação se deu como resgate desde o início, no qual foi incluído em vários grupos de WhatsApp formado por pessoas que trabalham ajudando as vítimas das inundações. Ele conta que estava empenhado e colaborando com ações humanitárias desde o início da tragédia. Antes do dia da operação, Nicolas recebeu a mensagem que pedia ajuda para mais um resgate.

“Em um desses grupos, havia um pessoal que, em determinado momento, passou a informação que havia uma missão que era delicada, muito importante, que envolvia crianças. Foi então que reuni diversos materiais, como corda, boia, machadinha, pois não sabia com o que a gente ia se deparar. A gente queria saber onde era o local do resgate e não nos passaram, porque disseram que se divulgassem poderia tumultuar e que era uma operação sigilosa”, disse Vedovatto.

Nicolas então reuniu um grupo de voluntários e combinaram de se encontrar em um posto de combustível onde, segundo ele, receberiam orientações. No entanto, os interlocutores se apresentaram como funcionários da Taurus. “Disseram precisavam da gente, mas que não era mais para resgatar crianças e que a missão agora se tratava de armas. Então, nesse momento, toda nossa equipe ficou balançada, não queríamos ir”, explicou.

Além de reunir voluntários e equipamentos, Nicolas também havia conseguido dois barcos para ajudar na operação, bem como, brinquedos que ele e os demais pensaram ser um resgate de crianças. “Levei brinquedos porque achei que podia ajudar, caso elas estivessem traumatizadas. Consegui, além dos barcos, um caminhão. Também mobilizei um barqueiro. Foi então que descobri que tudo seria usado para buscar armas. Mesmo a gente não querendo participar, eles nos persuadiram. Disseram que nossa causa era muito mais grave do que resgatar crianças, porque essas armas poderiam cair nas mãos de criminosos, e isso poderia ser muito pior”, acrescentou.

A entrevista completa com Nicolas Vedovatto realizada pelo Portal Uol Notícias pode ser acessada no seguinte link.

Retirada de armas

Os relatos dos voluntários afiram que trabalharam o dia inteiro carregando em torno de 156 caixas de armas, bem como, ajudaram a arrombar um portão do aeroporto. Toda a operação foi realizada sem qualquer proteção.

As caixas eram colocadas em um barco que seguia, por cerca de 20 minutos, até um posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), após chegarem no local, eram mandadas por funcionários da Taurus de caminhão até um local seguro.

Durante o primeiro trajeto entre a PRF e o Aeroporto, Igor relatou o primeiro susto. “Foi um trajeto bem assustador até o aeroporto, porque disseram que a gente podia levar o celular, mas não podia usar de jeito nenhum. A representante da Taurus pediu para não fazermos movimentos bruscos, porque estaríamos na linha de tiro dos snipers e, de fato, avistamos dois sobre o telhado. Chegamos até a parte de carga para exportação do aeroporto. Estava muito alagado, e lá nos deparamos com os policiais. É realmente inacreditável o que aconteceu. Só agora está caindo a ficha do risco que corremos, porque atuamos como se fosse um batalhão especializado da polícia”, completou.

A polícia Federal informou em nota que a retirada das armas foi coordenada pela corporação em articulação com a Fraport, administradora do Aeroporto Internacional Salgado Filho.

*Matéria realizada com informações do Portal O Globo e Uol Notícias.