A Justiça de São Paulo condenou a estudante Alicia Dudy Muller por estelionato, devido ao desvio de quase R$ 1 milhão dos fundos arrecadados para a festa de formatura de uma turma de medicina da Universidade de São Paulo (USP). A decisão foi proferida pela 7ª Vara Criminal da Capital.
A SENTENÇA DA ESTUDANTE
Alicia foi condenada a cinco anos de reclusão em regime semiaberto pelo crime, que foi praticado de forma continuada por oito vezes. Além da pena de prisão, a sentença determina o pagamento de indenização às vítimas, equivalente ao valor desviado. A defesa ainda pode recorrer da decisão.
O juiz Paulo Eduardo Balbone Costa destacou na sentença que Alicia se aproveitou de sua posição como presidente da comissão de formatura para desviar os recursos arrecadados ao longo de meses, com a contribuição de dezenas de colegas. “A ré se prevaleceu de sua condição de presidente da comissão de formatura para engendrar um plano destinado a se apossar do produto arrecadado ao longo de meses, com a contribuição de dezenas de colegas, a fim de obter lucro para si com a aplicação especulativa daquele capital”, afirmou o magistrado.
TRAIÇÃO DA CONFIANÇA
Na sentença, o juiz enfatizou a gravidade da traição de confiança envolvida no crime, ressaltando que Alicia desviou recursos que pertenciam aos próprios colegas de turma. “Traiu a confiança de seus pares, desviando recursos que pertenciam aos colegas de turma (o que revela maior opróbio do que a prática de estelionato contra vítima a quem não se conhece), quando as vítimas não atuavam movidas pela própria cupidez”, apontou Balbone Costa.
CONSEQUÊNCIAS E RECURSO
A decisão de condenação de Alicia inclui a obrigação de ressarcir o prejuízo causado às vítimas, que aguardavam a utilização dos fundos para a tão esperada festa de formatura. O processo ainda permite a possibilidade de recurso, mas a sentença já marca um precedente importante no combate a fraudes e desvios em contextos acadêmicos e estudantis.
Segundo apurado pelo G1 SP, o Instituto de Criminalística analisou ao menos dois celulares, um smartwatch, cartões bancários e HD externo. Sobre um tablet, a investigação sugeriu que fosse leiloado por ter sido adquirido com dinheiro do fundo, e a quantia arrecadada revertida para entidades beneficentes.