Produções baseadas em crimes reais podem ter crescido no Brasil nos últimos anos, desdobrando-se em filmes, documentários, livros, séries e podcasts. No entanto, o gênero “true crime” está longe de ser algo recente ou apenas uma mania do público brasileiro. Criações do gênero sempre estiveram em alta no cinema, e muitas são consideradas clássicos da 7ª arte e da TV.
Embora nem todas as criações do gênero sejam um sucesso de crítica ou produções de alta qualidade, muitas, especialmente as brasileiras, conseguem, em sua maioria, atrair a atenção do público. Algumas pessoas gostam, enquanto outras reprovam a forma como os criminosos ganham destaque na mídia. No entanto, as produções continuam a render, e, assim, mais e mais histórias são lançadas.
“Maníaco do Parque”, “Os Quatro da Candelária” e “Praia dos Ossos” são três produções brasileiras baseadas em crimes reais que serão lançadas em plataformas de streaming em breve. O filme sobre o serial killer Francisco de Assis Pereira chega ao Prime Vídeo em outubro deste ano, enquanto as outras duas produções ainda não têm data de estreia definida, mas estão em desenvolvimento e já tem imagens oficiais divulgadas.
O longa sobre o assassino que tirou a vida de sete mulheres no final dos anos 90 segue os mesmos moldes dos três filmes sobre Suzane von Richthofen, serão lançados diretamente no streaming e estão fazendo barulho na web mesmo antes do lançamento.
O filme sobre a mulher que mandou assassinar os próprios pais, mesmo alcançando um grande público, não agradou a crítica, resta saber se a próxima produção será melhor avaliada neste quesito.
Tá, mas o que é o gênero “True Crime”?
Para quem ainda não entendeu qual é papo do gênero “true crime”, em resumo, o termo se refere a produções, seja na TV, literatura, cinema ou outras criações, que recontam crimes reais.
Em sua maioria com foco no lado investigativo, esses trabalhos muitas vezes buscam explorar os detalhes por trás de crimes chocantes e se aprofundam em mentes criminosas ou exploram as falhas nas investigações destes casos.
Sucesso com o público feminino, em especial nos podcasts
No universo dos podcasts, o gênero também é um sucesso. Só no Spotify, existem pelo menos 50 programas brasileiros dedicados ao tema. Em 2020, a plataforma de streaming divulgou que o público interessado no tema é majoritariamente feminino, tanto na produção de conteúdo quanto no consumo. Cerca de 75% das ouvintes do gênero são mulheres.
Já uma pesquisa da Civil Science de 2019 afirmou que mulheres norte-americanas são maioria entre os ouvintes do gênero, sendo 26%, mais que o dobro de homens, que completam apenas 12% do público.
No ano de 2023, a hashtag #truecrime já tinha 40,8 bilhões de visualizações só no TikTok.
Não é um hit só brasileiro e nem recente
Crimes reais são inspirações para filmes e personagens em incontáveis produções cinematográficas. Por exemplo, o personagem Norman Bates, do filme Psicose (1961), de Alfred Hitchcock, é baseado no criminoso Ed Gein, que construiu um santuário para a mãe e se vestia com roupas femininas. O mesmo homem inspirou outras tramas clássicas do terror como “O massacre da Serra Elétrica” (1987) e “O Silêncio dos Inocentes” (1991).
Outro Clássico de Hitchcock é o longa Festim Diabólico, uma adaptação da peça teatral de 1929. O filme protagonizado por James Stewart acompanha dois jovens que se consideram intelectualmente superiores e por isso estrangulam o ex-colega de faculdade para provar que conseguem cometer o assassinato perfeito.
A história foi inspirada em um crime real: o assassinato em 1924 do menino de 14 anos Bobby Franks. Franks foi sequestrado e morto por dois ricos estudantes da Universidade de Chicago, Nathan Leopold e Richard Loeb, que desejavam demonstrar sua superioridade intelectual e mostrar que podiam cometer o crime perfeito sem consequências.
O filme de 1948 está disponível no Telecine e no Prime Vídeo.
O que vem por ai?
Mais produções brasileiras sobre crimes reais estão em desenvolvimento para estrear em breve nos streamings. Enquanto o filme sobre o Maníaco do Parque estreia dia 18 de outubro no Prime Vídeo, outras duas produções tem dado o que falar na web.
“Os Quatros da Candelária” – Netflix
Série da Netflix, “Os Quatro da Candelária” é uma produção baseada nos depoimentos dos sobreviventes da Chacina da Candelária, que aconteceu no Rio de Janeiro nos anos 90.
A minissérie acompanha Jesus (Andrei Marques), Douglas (Samuel Silva), Sete (Patrick Congo) e Pipoca (Wendy Queiroz), meninos que vivem em situação de rua nas 36 horas que antecederam um dos crimes que mais chocaram o Brasil: A Chacina da Candelária.
O crime aconteceu em 1993 em frente à Igreja da Candelária, no centro do Rio de Janeiro, no qual milicianos que usavam a praça como ponto de tráfico de drogas assassinaram à tiros oito crianças e adolescentes que dormiam lá, além de deixar vários feridos.
A produção está em desenvolvimento, já teve a primeira foto oficial divulgada, mas ainda não tem data de estreia definida.
“Praia dos Ossos” – Max
A minissérie “Praia dos Ossos”, é baseada em um podcast de mesmo nome, da Rádio Novelo, e contará a historiado assassinato de Ângela Diniz que aconteceu nos anos 70. A produção terá seis episódios.
Marjorie Estiano fará o papel da socialite que foi brutalmente assassinada com quatro tiros por seu companheiro, Doca Street, que se recusava a aceitar o fim do relacionamento. Na época, o assassino confessou o crime, que foi cometido na Praia dos Ossos, em Búzios, no Rio de Janeiro, mas foi tratado como a vítima pelo público e pela imprensa durante boa parte do julgamento que se seguiu ao crime.
Um filme sobre o caso, foi lançado em 2023 com Isis Valverde como protagonista. A produção, que está disponível no Prime, não teve bom retorno da crítica e nem de público.
Cinco ótimas produções do gênero para ver em casa
Assista Pacto Brutal – O Assassinato de Daniella Perez
O documentário de cinco episódios fala sobre a morte da atriz a bailarina Daniela Perez, que aconteceu em 1992. Daniela foi brutalmente assassinada pelo colega de elenco Guilherme de Pádua e sua esposa Paula Thomaz.
O caso chocou o país e resultou em uma alteração do código penal impulsionada por Gloria Perez, roteirista e mãe de Daniela. O documentário foi lançado 30 anos depois do crime e explora as investigações e materiais de arquivo para entender o que realmente aconteceu.
O documentário está disponível no Max
O lobo atras da porta
Filme de 2013, o longa como a história do sequestro de uma criança e dos desdobramentos da investigação. O delegado interroga os pais da menina e descobre que Bernardo (Milhem Cortaz), pai da garota, tinha uma amante, Rosa (Leandra Leal), que também é levada ao local para averiguações. A partir de depoimentos do trio, o delegado descobre uma rede de mentiras, vingança e ciúmes.
O filme é baseado em um caso que aconteceu no Rio de Janeiro em 1960. O crime de Neyde Maia Lopes, que ficou conhecida como a Fera da Penha, chocou o Brasil na época.
O filme está disponível no Disney +
O Sequestro do Voo 375
O filme de ação dirigido por Marcus Baldini (Bruna Surfistinha) conta sobre o crime que chocou o Brasil em 1088, quando Nonato (Jorge Paz), um homem de origens simples em busca de trabalho, e com graves problemas financeiros, decide “protestar” contra o Governo sequestrando um avião da Vasp, com mais de cem passageiros, ordenando ao comandante Murilo (Danilo Grangheia) que jogue o avião em cima do Palácio do Planalto. O objetivo era matar o presidente da época, José Sarney.
O filme está disponível no Disney +
Bandidos na TV
A série documental de sete episódios, conta a história de Wallace Souza, um apresentador de televisão acusado de planejar os assassinatos que abordava e investigava em seu programa. Durante dez anos ele comandou o “Canal Livre”, que teve sucesso nacionalmente, chegando a até ultrapassar a audiência de grandes emissoras do país em algumas cidades.
A série está disponível na Netflix
Ônibus 174
O documentário de 2002, dirigido por José Padilha e Felipe Lacerda faz uma investigação cuidadosa, baseada em imagens de arquivo, entrevistas e documentos oficiais, sobre o seqüestro de um ônibus em plena zona sul do Rio de Janeiro.
O crime que aconteceu em 12 de junho de 2000, foi filmado e transmitido ao vivo por quatro horas, paralisando o país. No filme a história do seqüestro é contada paralelamente à história de vida do seqüestrador, intercalando imagens da ocorrência policial feitas pela televisão. É revelado como um típico menino de rua carioca transforma-se em bandido e as duas narrativas dialogam, formando um discurso que transcende a ambas e mostrando ao espectador porque o Brasil é um país é tão violento.
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