Com o objetivo de fortalecer a saúde pública na Amazônia, o projeto “Vigilância de Doenças pelos Rios da Amazônia”, une inovação tecnológica, educação permanente, gestão pública, serviços de saúde e a colaboração entre universidades.
A iniciativa, coordenada pela professora Dra. Danielle Saraiva Tuma dos Reis, da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal do Pará (UFPA), foi aprovada no âmbito da Política Nacional de Vigilância em Saúde (PNVS), e conta com parcerias com o Núcleo de Vigilância Epidemiológica do Hospital João de Barros Barreto, liderado pela enfermeira enfermeira Ariana Santana da Silva, e a Faculdade de Geoprocessamento da UFPA, representada pelo professor Dr. Estevão José da Silva Barbosa.
Entenda o projeto
A pesquisa destaca a utilização de tecnologias de georreferenciamento, que permitem mapear com precisão as áreas críticas em relação a doenças como tuberculose, hepatites e dengue. Por meio do Sistema de Informação Geográfica (SIG), é possível visualizar as regiões mais afetadas e identificar padrões epidemiológicos, ajudando na tomada de decisões e no direcionamento das ações de saúde.
Em uma entrevista à Rádio Web UFPA, a professora Dra. Danielle Tuma, o uso dessas tecnologias facilita a identificação das áreas com maior incidência de doenças e possibilita uma resposta mais eficiente das autoridades de saúde.“Ao georreferenciarmos as doenças de notificação compulsória, conseguimos mapear as áreas mais afetadas, direcionando nossas ações preventivas para centros comunitários e unidades de saúde locais”, afirmou a pesquisadora.
Além da geotecnologia, o projeto também faz uso de redes sociais para levar informações sobre doenças e problemas de saúde às populações amazônicas. Por meio do Instagram @vigilantecabloco, são veiculados materiais educativos, como vídeos, infográficos e informes epidemiológicos, para conscientizar e promover a educação em saúde, alcançando comunidades ribeirinhas e urbanas.
Meio ambiente e saúde humana
Por meio da análise dos dados espaciais, os pesquisadores podem correlacionar, por exemplo, a presença do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, com fatores ambientais, ajustando políticas públicas para mitigar esses impactos. Ao identificar um aumento de casos de dengue em determinado bairro, é possível visualizar se essa área possui saneamento básico inadequado, coleta irregular de lixo ou se está próxima a áreas alagadas.
Logo, esses fatores podem ser indicativos de condições que favorecem a proliferação do mosquito, ajudando a identificar riscos e fatores causais que interferem na cadeia epidemiológica. O geoprocessamento, portanto, contribui para uma melhor visualização e compreensão das doenças nas áreas afetadas, facilitando a implementação de ações preventivas mais eficazes.
“Quando falamos do conceito de One Health, estamos discutindo a interdependência entre o meio ambiente, a saúde animal e a saúde humana. O estado do nosso ambiente amazônico afeta diretamente a saúde da população, e o geoprocessamento nos ajuda a entender essa relação de forma mais clara”, afirma a professora Danielle Tuma.
Apoio à ciência
O projeto, além de contar com o apoio do Ministério da Saúde, também se beneficia da colaboração com diversas universidades federais do Brasil e instituições públicas. A Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, em parceria com essas instituições, reconheceu o potencial dos professores e pesquisadores para desenvolver ações extensionistas, resultando na aprovação de 55 projetos, cinco dos quais na UFPA. Quatro desses projetos são da Faculdade de Enfermagem, tornando a UFPA um polo de ações voltadas à saúde pública na região amazônica. A iniciativa também recebe financiamento do Ministério da Saúde, DEX/UnB, Forproex e Fenafar, e seu público-alvo são pessoas com acesso às redes sociais, ampliando o alcance das campanhas educativas sobre saúde e doenças na região.
Além da tecnologia e das parcerias, o projeto busca ampliar a divulgação de informações sobre doenças e agravos à saúde na Amazônia por meio de materiais educativos. A definição dos temas segue o calendário do Ministério da Saúde, incluindo campanhas como o “Julho Amarelo”, mês de luta contra as hepatites virais, e outras ações de conscientização voltadas para o enfrentamento de doenças prevalentes na região.
A integração de tecnologia, educação e parcerias fortalece a resposta da saúde pública no estado do Pará, permitindo uma atuação mais assertiva e eficiente frente aos desafios epidemiológicos da região. O projeto Vigilância de Doenças pelos Rios da Amazônia demonstra como a união de inovação e colaboração pode trazer resultados significativos para o bem-estar das populações amazônicas, promovendo uma saúde mais acessível e eficiente na região.