O assassinato de Arlene Giugni da Silva, que aconteceu no dia 18 de janeiro deste ano, no bairro da Batista Campos, em Belém, continua tendo desdobramentos e reviravoltas. O possível envolvimento dos filhos, Leonardo Giugni e Juliana Giugni, na morte da vítima, é o que mais choca.
O filho foi preso em flagrante dentro do apartamento da família no dia do crime, denunciado pelos crimes de feminicídio triplamente qualificado por motivo fútil, contra a mãe, e tentativa de feminicídio quadruplamente qualificado, contra a irmã, envolvendo ainda asfixia.
Em entrevista exclusiva para o #Incomoda, a irmã e a filha de Arlene Giugni, Ângela e Lorena Giugni, contaram detalhes sobre o crime que chocou a capital paraense em janeiro deste ano. Assista no link abaixo:
Entretanto, em julho deste ano, o Ministério Público do Pará (MPPA) concluiu que a principal autora do feminicídio foi Juliana e que o irmão, o advogado Leonardo Felipe Giugni Bahia, foi o coautor. O MP afirma que laudos de exame de corpo de delito com vestígios, predominantemente, da irmã na lâmina da faca de madeira, além de depoimentos de testemunhas, corroboram com a acusação de Juliana.
No dia 15 de outubro, Juliana se entregou à justiça logo após ter a prisão decretada e está presa no Centro de Reeducação Feminina do Coqueiro.
NOVAS EVIDÊNCIAS
A defesa de Juliana Giugni divulgou no dia 16 de outubro áudios que teriam sido enviados por Leonardo Giugni no dia do assassinato de Arlene. De acordo com o advogado que representa Juliana, Rodrigo Godinho, Leonardo teria encaminhado as mensagens para a namorada, afirmando ter feito “uma merda imperdoável” e que seria preso ou iria morrer.
“Me desculpa não ser o que você sempre pensou. Isso não tem nada a ver com você. Eu sempre te amei, o problema sempre fui eu. Eu não te mereço”, começa Leonardo.
Com o tom de voz aparentando nervosismo, o acusado continua enviando mensagens para a namorada e chega a dizer que surtou. “A verdade é que tu nunca teve ideia da minha realidade. Eu acho que no fundo eu sempre precisei de ajuda; e agora eu surtei. Tu não merecia. Tu realmente merecia uma pessoa muito melhor, que te cuide. Eu sempre te amei [inaudível]. Essa é a minha maior verdade”.
Dando a entender que algo tinha acontecido, Leonardo pede para a jovem “seguir em frente”. “E tu foi me esquecer, porque acho que nesse momento tu já deve saber o que aconteceu e tu tem todo o direito de tentar seguir tua vida. Nada foi culpa tua. Espero que tu tenha força pra seguir em frente”, diz ele.
Leonardo afirma ter feito “uma merda imperdoável” e pede que Ananda não vá até ele. “Não vem. Se tu me ama de verdade. Não vem! Se tu me ama de verdade, tu não vem. Tu vai ficar só com as lembranças boas na minha cabeça. Eu vou ser preso, ou eu vou morrer! Eu fiz uma merda imperdoável. Por favor, fica aí. Por favor”, insiste.
No último áudio, o réu passa a senha do celular para a namorada e se despede. “Pra todos os efeitos, a senha do meu celular é 3204. Eu surtei. A vida que eu te falei não era a vida que eu tinha. Eu precisei de ajuda sim, eu precisei. Eu te amo. Desculpa por tudo, nada tem a ver contigo. Por favor, adeus”.
TESES
Rodrigo Godinho, que representa Juliana, afirma que os áudios foram juntados nos autos do processo, entretanto a promotoria do Ministério Público não faz qualquer menção ao conteúdo.
Ao BT, Godinho disse que os áudios foram enviados pela namorada de Leonardo para a irmã dele, Lorena, no dia do crime, porém, ela não os apresentou perante autoridade policial.
A defesa de Juliana acusa o Ministério Público de ignorar resultado de perícias que garantem a inocência da acusada e de se apoiar em acusações inconsistentes feitas pela namorada do réu confesso, Leonardo Felipe Giugni Bahia.
Segundo a defesa, um dos pontos que a ação do Ministério Público se baseia para acusar Juliana, são as declarações da namorada de Leonardo, Annanda Márcia de Lima Ferreira. Annanda teria levantado suspeita sobre Juliana, alegando que Leonardo foi coagido a confessar o crime, já que Juliana teria o ameaçado. A defesa alega que a companheira de Leonardo teria “ reais e claros interesses em atribuir a autoria do crime a outra pessoa para libertar seu namorado”, diz a nota.
O promotor do caso, Franklin Lobato, disse ao BT que os áudios foram obtidos ilicitamente do aparelho de Leonardo, por isso não têm validade enquanto prova. Ainda segundo o promotor, outras evidências comprovam a autoria, como os vídeos do circuito interno de TV, que mostram Juliana saindo do apartamento com a arma do crime e entregando a arma do crime para o porteiro. “Além dos vídeos, as várias perícias solicitadas pelo MP comprovam que o padrão genético encontrados na arma do crime é da acusada”, afirma Lobato.