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Em entrevista ao Flow, Bolsonaro ironiza vacinação contra varíola dos macacos

Ainda durante a entrevista, o presidente defendeu novamente remédios ineficazes contra a Covid-19 e afirmou não ter se vacinado.

Nesta segunda-feira, 8, o presidente Jair Bolsonaro (PL), participou de uma entrevista de pouco mais de cinco horas ao Podcast Flow. Durante a conversa, o presidente ironizou a vacina contra a varíola do macaco associando a doença à homossexualidade.

Bolsonaro concedeu uma entrevista de mais de cinco horas ao podcast. Na legenda da entrevista era possível ler “lembre-se de pesquisar tudo que for dito nesse programa”. Imagem: Flow podcast

O líder do executivo fez piada e riu intensamente durante a conversa com o apresentador Igor Coelho, conhecido como “Igor 3K”. O presidente ainda debochou do apresentador que afirmou que tomaria o imunizante. Durante a conversa, Bolsonaro caiu na gargalhada e disse “Tu não me engana, Eu tenho certeza de que você quer tomar (a vacina).”, referindo-se a associação entre a doença e a homossexualidade.

Veja o vídeo:

Na tarde do dia 27 de julho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) realizou uma reunião para anunciar o que se sabia e quais medidas de controle deveriam ser implementadas contra o surto mundial da varíola dos macacos (monkeypox). Na ocasião, Tedros Adhanom, o diretor-geral da OMS, pediu para “homens que fazem sexo com homens” diminuírem o número de parceiros.

Pacientes com a doença apontam para uma onda de comentários preconceituosos e homofóbicos, desinformação, paranoia e medo após a afirmação.

CLOROQUINA E VACINAS CONTRA A COVID-19:

 (Foto: SERGIO LIMA/AFP via Getty Images)

Entre outros temas abordados, Bolsonaro falou sobre vacinas contra covid-19, e o uso da cloroquina —ainda defendido pelo presidente, apesar de sua ineficácia no suposto “tratamento precoce” da doença ser reafirmada desde 2020 por estudos científicos e pela OMS (Organização Mundial de Saúde).

O presidente afirmou: “Na região amazônica, qual o percentual de mortos entre civis e militares? Muito maior entre os civis proporcionalmente, os militares estavam usando [cloroquina]. Eu tomei quando passei mal, no dia seguinte estava bom.”, disse.

A OMS “desaconselha fortemente” o uso do medicamento como “tratamento precoce”.

O presidente foi questionado pelo apresentador se o que ele dizia não influenciava a população a rejeitar a vacina. A entrevista, exibida no YouTube, destacava na legenda: “Lembre-se de pesquisar tudo o que foi dito neste programa”.

Bolsonaro reafirmou que não tomou vacina contra o vírus que matou mais de 680 mil pessoas no Brasil. “Eu não tomei vacina. Me recomendaram até a tomar uma água destilada. Eu não vou. Posso enganar a você, mas não vou enganar a mim. Influencia alguns (a não tomar a vacina). Não é que a minha palavra tá valendo, eles foram ler a bula” afirmou.

Veja:

O presidente também disse que os imunizantes aplicados em crianças a partir de 3 anos são para uma cepa que não existe mais. No dia 19 de julho, o Ministério da Saúde orientou a aplicação de Coronavac para crianças de 3 e 4 anos por limitação de doses. Apesar disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou o imunizante para o público a partir de 3 anos.