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Exposição “Tybyras” aborda história LGBTQIA+ invisibilizada no Brasil a partir desta quinta,12, em Belém

Foto: Divulgação

A Elf Galeria, em Belém, será palco da abertura da exposição individual “Tybyras, Caminhos de uma Amazônia Queer”, do artista paraense Henrique Montagne, na próxima quinta-feira, 12, com entrada franca.

A mostra explora temas de ancestralidade, identidade e diversidade sexual a partir de um marco histórico: o primeiro caso documentado de morte por LGBTfobia no Brasil. Em 1614, o tupinambá Tybyra do Maranhão foi executado pela Inquisição por sodomia, sob a anuência de religiosos da Igreja Católica.

Foto: retomada (Tybyras Tupinambás retomam o Grão Pará), nanquim, grafitte e sangue do artista, 2024

Combinando linguagens do desenho, texto e fotografia, Montagne apresentará uma narrativa poética que conecta questões de gênero e sexualidade com sua ancestralidade indígena e mestiça. A exposição, que marca a terceira individual do artista, é fruto do projeto “Tybyras”, contemplado pelo Edital de Pesquisa e Experimentação em Artes Visuais da Lei Paulo Gustavo 2024.

Sobre o artista

Henrique Montagne já integrou uma coletiva de arte queer em Portugal e foi finalista do Prêmio PIPA 2022, um dos mais prestigiados do Brasil. Em “Tybyras”, ele reflete sobre a invisibilidade histórica de personagens LGBTQ+ indígenas, como Tybyra, e sobre as relações de diversidade sexual nas culturas originárias. O termo “tybyra” designava, em aldeias indígenas, pessoas que fugiam de normas pré-estabelecidas, sendo consideradas parte da diversidade natural.

Foto: Tereza Maciel

Para compor a exposição, o artista percorreu territórios ancestrais da Amazônia, como Belém (Mairi), Ilha do Marajó (Soure), Carajás (Marabá, Serra Pelada, Parauapebas e Canaã dos Carajás) e Tapajós (Santarém e Alter do Chão). Nessas viagens, Montagne conheceu pessoas LGBTQ+ indígenas, ribeirinhas e caboclas, cujas histórias e vivências ajudaram a moldar sua obra.

As provocações da mostra abordam o apagamento das discussões étnico-raciais, o impacto do colonialismo na diversidade sexual e na expressão de gênero, e a desconexão entre corpo e natureza. “Tybyras” convida o público a caminhar por rotas desviantes de uma Amazônia viva, ancestral e em constante resistência.

Serviço:

  • Abertura da mostra “Tybyras, Caminhos de uma Amazônia Queer” dia 12 de dezembro, às 18h.
  • Visitação: 12 de dezembro – 15 de fevereiro de 2025, na Elf Galeria, localizada na Passagem Bolonha, n.º 60 – Nazaré.
  • Horário de funcionamento: terça a sexta-feira, 14h às 19h. Sábado: 10h às 14h. Entrada franca.